Que tal olhar para o lado e parar de fingir que se preocupa neste setembro amarelo ?

Eu nem ia escrever este post. Pensei em colocá-lo no Linkedin, depois em jogar na rede Hive, mas … achei melhor colocar aqui. Até porque aqui é meu espaço e o que eu escrevo é problema especificamente meu. E infelizmente, hoje, as pessoas são um pouco incapazes de discutir alguns assuntos tabu, principalmente porque todos tentam de todo jeito viver um personagem que ajuda os outros.

Pode soar chato mas, sim, a sociedade como um todo não está preparada para lidar com os problemas psicológicos. Aliás, desde família e principalmente, corporações a pessoa que está passando por este tipo de problema sempre irá lidar com olhares críticos e aquelas frases chatas que sempre aparecem.

Foi a partir de diversas interações no Linkedin nos últimos tempos que notei isto. As pessoas gostam do Glamour de dizer que se preocupam com quem está para se matar ( ou passando por depressão/ansiedade ), mas quando notam alguém com problemas ao lado procuram sempre ver que aquele cara está gerando um problema ( principalmente quando falamos em corporações ). Aí, aquele funcionário ( sim, porque acabamos sendo isto e não, colaboradores ) que antes era um cara útil e que batia metas, vira o reclamão chato e improdutivo que só vai queimar o filme do setor com a diretoria.

E é por causa desta pressão que muitos ficam *surpresos quando um colega morre ( se mata ). As relações se tornam tão relacionados a cobrança que a pessoa prefere adoecer sozinha a dividir algo com os colegas de trabalho. Sim, porque ele se sente dentro um mundo próprio dele quando não pode falar nada que no fim, pela sua visão pessimista ( lembre, é efeito da doença ) vai ser entendido como alguém ruim ou, como erva daninha em um ambiente.

Mas isto não se resume ao trabalho. Resume a outras relações também. Que em geral acabam sendo mais fáceis de consertar. Se você tem um parente ou amigo que está mudando seu comportamento, esqueça os jovens místicos por aí. Procure levar esta pessoa a um médico. Seja sensível ao sofrimento desta pessoa. E, não, ela não é fraca por estar doente. Ela está doente, e merece, tal qual uma pessoa com câncer ou com um braço quebrado apoio no seu caminho.

E, quer saber ? Ela vai ter recaídas. Ela vai estar num dia cheia de ânimo e no outro até, chorando. Vai estar no trabalho num dia intergindo e, no outro, sem querer ver ninguém. Isto faz parte da luta interna que esta pessoa tem. E, não, não é um deus que vai mudar isto. Muito menos suas palavras de carinho. É, sim, sua capacidade de respeitar estas fases daquele indivíduo.

Nas relações pessoais seja assim. Porque ali você manda. Não cobre. Não entre no espacinho da pessoa. Se ela está no modo desligado do mundo, deixa ela lá. Ela precisa. Naquele momentinho ali que você acha que ela precisa de gente ela está conseguindo achar um pouquinho de energia para voltar a conviver com os outros.

Nas corporações a coisa é mais complexa. Elas são cheias de metas e, no fim, muitas ( não todas ) vêem a pessoa como um ativo. E sim, um ativo que gera um custo ( salário e manutenção ) e quando dão defeito ( doenças ) devem ser consertadas ou descartadas. Cruel o modo como eu expliquei ? Mas infelizmente, é assim.

A mudança e a real preocupação com a doença mental em corporações passa por uma mudança enorme de visão de mundo . E ligada a mais açãoe menos discurso. Onde a sensibilidade seja o principal. Seria treinar ( se é que há como treinar sensibilidade ) a capacidade do seu funcionário de ler o outro. Seja o chefe ou o colega entender que pessoas tem altos e baixos e quando alguém tiver algum problema, encaminhá-lo para o médico.

Sabe porque ? Nos problemas de depressão e ansiedade seu colega não vai lhe pedir ajuda. Seu esposo(a) ou companheiro(a) não lhe pedirá ajuda. Seu comandado ( se você é gestor ) não lhe pedirá ajuda. Porque a pessoa tem medo e muitas vezes está tão presa num ciclo de destruição pessoal ( eu era movido a cafeína 24 horas para esconder meu cansaço ) que ele não consegue sair dali.

Ter canais abertos de comunicação é outro caminho. No casamento, uma conversa sincera. Ou até, um colo. Na amizade, ouça o amigo. Na empresa, tenha um RH ou até sinceridade para que a pessoa não tenha medo de falar as coisas.

No fim, entenda. Ninguém morre ali no suicídio. A pessoa morre durante o processo. O dia que a pessoa se mata é só a confirmação de tudo que já aconteceu durante todo o tempo.

Então, ajudem. Eu gostaria sinceridade de ter caído em mais empresas, como as atuais que tem este tipo de sensibilidade.

Aliás, menção honrosa para as empresas pequenas. Ali sim, colegas e até, donos, tem uma capacidade ímpar ( pelo menos na minha experiência ) de notar até suas mudanças de humor. Não vou citar aqui mas quem me conhece, e leu sabe de onde estou falando.

E, finalmente as que ainda não tem este tipo de cuidado, desenvolvam. Formem seus gestores a olhar para o indivíduo como gente. Preocupem-se em dar um ambiente realmente legal e acolhedor. Esqueça marketing. Isto não muda nada na vida de quem está doente. Até piora.

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