Por que a computação em grid serve tão bem ao underground ?

Uma das coisas legais de blogs, é que a informação gerada pelos mesmos, acaba nos levando a vários lugares.

E, algumas empresas, criaram o hábito de ter, em sua estrutura, blogs onde os funcionários discutem aspectos técnicos de produtos e pesquisas que estão executando. Na SUN, acabei virando leitor fanático do blogs.sun.com, que é uma estrutura em que diversos funcionários da SUN, colocam aquilo que curtem ler, e ainda, informações sobre projetos e afins da empresa.

Lá, esta semana, lendo um dos blogs ( virei fã do cara, são diversos assuntos legais ), cheguei a um artigo interessante sobre Computação em Grid.

Nele, o autor discute, em cima do projeto SETI@Home alguns pontos interessantes desta tecnologia e ainda, algumas disparidades.

Para quem não conhece, o projeto SETI@Home é um projeto da Universidade de Berkley, onde computadores processam informações recebidas por radiotelescópios terrestres, tendo a intenção de procurar vida inteligente em outros planetas.

Para que estas informações sejam processadas mais rapidamente, elas precisam de um grande poder de processamento e isto pode ser conseguido com a computação distribuída, ou seja, a computação em grid.

Quando se entra no site do projeto, se baixa um screensaver, para o Windows, e um programa para o Linux, que utiliza o tempo livre de seu processador. Ou seja, sempre que nenhum programa esteja utilizando seu processador, o programa baixado no site, vai estar utilizando este tempo ocioso para processar informações e as remeter para o site.

Este conceito, de distribuição, deu ao projeto um grande pode de processamento, que logicamente, chegou a valores de TeraFlops, que parece ser algo dificilmente alcançado por algum outro tipo de aplicação.

Mas, realmente, isto pode ser conseguido, pelas famosas botnets. Para quem não sabe, as botnets, são redes zumbi, criadas a partir de computadores infectados ao longo do Globo, através de Phishing Scams ou outros golpes qualquer.

Estas redes movimentam hoje, um grande volume de dinheiro, chegando inclusive, a ter hoje, mais computadores envolvidos que o projeto SETI@Home.

Este poder de processamento advém de dois pontos : falta de informação de segurança fornecida ao grande público ( ou seja, usuários ) e falhas de segurança para o sistema operacional mais famoso do planeta ( Windows ).

Este crescente poder das botnets, advém disto. Quem tem blogs e emails na internet, recebe diariamente bombardeios de emails ou comentários, vindo de ADSLs, máquinas Windows servidoras e ip’s estranhos.

Boa parte destes spammers não sabe que está efetuando isto. Uma botnet funciona como o projeto SETI@Home, onde o “administrador” da rede, manda um job ( trabalho ), para ser efetuado e ele é distribuído entre as zilhões de máquinas “escravas” ligadas ao seu cluster.

É um processo interessante, tecnologicamente falando, pois os spammers chegaram a um grau de tecnologia nesta área, que beira o estado da arte. Por isto, a caba dia se torna tão difícil criar soluções de anti-spam que realmente possam fazer seu trabalho sem problemas.

O ponto mas mórbido desta comparação é que fica claro, que a computação em grid, hoje, serve mais ao underground da net, que a net como um todo em termos de soluções que realmente levem a algo interessante como o projeto SETI@Home.

O autor, como eu, acaba acreditando, que, sem treinamento dos usuários e uma boa política de correção de sistemas operacionais, não adianta tentar fugir, pois o crescimento das botnets será cada vez maior.

E, como alguns pesquisadores tendem a prever, em breve as botnets pode se tornar um problema tão grande, que não terão como ser estirpadas, já que, quando chegar a este ponto, o poder de processamento delas será tão grande, que o conteúdo válido da rede, estará sempre pichado com sujeiras cada vez mais irrelevantes.

É a tecnologia, criada para servir a todos, servindo ao crime, e gerando mais e mais dinheiro fácil … para quem consegue usar “laranjas” tecnológicos para fazer seu trabalho sujo …

O pior que isto me lembra tanto a vida fora da rede …