O Cardoso outro dia fez um dos melhores posts sobre esta mania do pessoal mais técnico de achar que o mundo inteiro tem que fazer filmes e outras coisas com uma consultoria técnica e um purismo fora do comum.
Lendo o Br-Linux eu dei de cara com um post que fala sobre um Ip "Turbinado", ou seja, um ip que não segue as recomendações técnicas e tem na realidade mais de 8 bits ( ou seja, é um ip fictício ).
De acordo com a matéria o quarto episódio da nona temporada por volta dos 19 minutos mostra um terminal utilizado pelo personagem Jack Bauer.
Neste terminal há um ip que foge dos padrões teóricos de rede, já que como pode ser visto na imagem 2.718.281.828 que lógico foge do padrão de redes.
Eu concordo que seja bizarro e incorre em possíveis erros mas ... peraí, devem haver motivos para que eles usassem uma coisa deste tipo, e eu, mesmo conhecendo redes não usaria um ip real em um filme. Lógico, porque ip roteável na internet em um filme de cara seria perder aquele ip.
Ele começaria a ser alvo de curiosos que iriam toda hora tentar invadir, tentar causar problemas. Como filmes são franquias de empresas, de produtores, imagina se o caras calham de usar um ip que é da sua rede WAN ? Já imaginou o volume de DDOS que você corre o perigo de sofrer simplesmente porque algum ativista doido resolveu que está contra o seriado do Jack Bauer ?
É o mesmo problema que alguns domínios da internet sofrem ao ser inundados por emails teste. Lembro-me de um conhecido que era dono do domínio isp.com.br que recebia direto emails de teste porque a Microsoft no seu Outlook colocava este email como teste. Já tem noção do tanto de email que o coitado recebia né ? Deve ser o mesmo volume de spam que o pessoal do mydomain.com deve receber já que o mydomain.com é amplamente utilizado em documentações ( se quiser dar uma olhadinha em domínios reservados para isto, veja aqui ).
Ou seja, não é porque os ips acabaram. São "licenças poéticas" que a sétima arte usa. Se tivessem um pouco mais talvez de consultoria técnica, podereiam até chegar a usar, para ficar teoricamente mais bonitinho, alguma das faixas reservadas do IANA não roteáveis na internet ou até, que não foram liberadas e existem para fins de documentação, etc.
Que os ips já acabaram todos sabemos, mas ainda há um bom restolho que pode dar um gás ainda para muita gente que quer entrar on line. E o IPv6, apesar de uma realidade ainda não é um padrão e garanto ainda levará pelo menos uns 5 anos para estar sendo utilizado em todas as empresas.
Porque ? Porque o custo é alto. A implementação do IPv6, mesmo que funcione em pilha dupla é cara porque ainda em nosso país temos muitos ativos de rede que não suportam o protocolo e ainda por cima não terão seus softwares atualizados.
Isto gera custo e em uma economia como a atual, tão instável, um custo alto destes não seria revertido talvez no retorno a empresa. Quem deveria abrir a fila seriam os orgãos públicos, universidades, empresas de TI, etc, mas a maioria destas empresas ainda não viu no IPv6 realmente uma prioridade.
Mas o filme errou ? Lógico. Não existem IPs deste jeito. Isto é algum sinal de IPs acabando ? Não, evidentemente que não.
Ah, e eu entendi a ironia do post do Br-Linux ... mas não podia deixar de comentar por aqui. Até porque eu fui um dos chatos que criticou o Davi, o Hacker de HTML, mas neste caso o legal é poder utilizar uma citação de erro para evangelizar sobre a adoção deste novo protocolo aqui nas terras tupiniquins ( tendo em vista que a maioria dos administradores de redes aqui já ouviram falar do IPv6 ... mas nem ao menos ainda se preocuparam em estudá-lo ).
Em tempo, para quem quiser realmente correr atrás de aprender IPv6 em breve terei on line um pequeno projeto de documentação sobre o protocolo, mas você já pode ir se divertindo com o site do IPv6.br , a maior fonte de documentação sobre o protocolo atualmente no país.
Vale a nós, que já estamos mais a par do protocolo gerar mais documentações para que cada vez mais pessoas aqui consigam entender a seriedade que é aprender o IPv6, que é presente, não futuro. Futuro, sim, é a próxima versão do protocolo IP que já está em pesquisas, com toda garantia, em grandes universidades.