MODELO DO SOFTWARE LIVRE PARA A MÚSICA

O ministro Gilberto Gil, vira e mexe vem com algumas opiniões que ele acha serem a coisa mais moderna do planeta, e a mídia, talvez por desconhecimento destes antigos modelos de relacionamento em termos de música, acaba achando que ele está opinando sobre algo altamente novo.
Bom, vamos aos pontos : o ministro, durante uma entrevista em Milão, Itália, falou que os músicos deveriam seguir um modelo de distribuição/licensiamento parecido com o Software Livre, e procurassem outros modos de pensar sobre direitos autorais, e até, sobre as formas de ganhar dinheiro com música.
Na realidade, seria como abrir mão dos seus direitos autorais ( pagamento por uso da música em si ), e ganhar os direitos referentes a outras coisas, como uso da marca da banda e shows, como sempre é ...
O grande lance, é, que, a grande mídia, talvez, não saiba que isto sempre aconteceu. Hoje, muito menos com o advento da internet.
Quem é mais antigo, já até falei sobre isto aqui no site, lembra-se que o mainstream do Death Metal, o Morbid Angel, viveu durante anos de sua carreira, como underground e divulgando sua música via gravações em K7. Sim, você pegava a fita com eles e divulgava para os amigos, que acabavam indo nos shows e se divertindo com a banda.
Quando a banda gravou seu primeiro disco, ela já era conhecida mundialmente por este modelo, e ele na realidade, veio somente como um prêmio para uma banda que já era, literalmente, um marco na história do Death Metal.
E, ainda, temos as nacionais, como Necrobutcher e outras, que também usaram este modelo e fizeram história.
Tais experiências, hoje, seriam muito mais bem sucedidas, tal o alcance que a internet tem. Uma demo lançada hoje na rede, em muito menos tempo tornaria a banda Mainstream, como já aconteceu com algumas, que não sei citar, porque são mais "pop" e eu não sou ligado nisto.
A realidade é, no fim, que eu concordo com o Ministro Gilberto Gil neste ponto. Sim, o músico pode seguir novos modelos de divulgação de sua música/projetos, porque este modelo já deu certo para muita gente, e continua ai, sendo defendido até por quem é Mainstream.
O grande problema, nisto tudo, é que a música tem uma máfia, chamada gravadoras por trás. Para que este modelo venha a dar certo, a realidade é que os músicos teriam que se tornar como pequenos empresários, formando pequenos selos/gravadoras, que funcionariam em forma de cooperativa gravando/divulgando os mesmos. E, assim, pulariam fora do modelo altamente capitalista/mafioso das gravadoras hoje.
Se isto interessa ou não, a alguém eu não sei :-)