EGITO

Mais um texto sobre o Egito.
Geografia - O Egito é uma estreita faixa de terra fértil que se estende ao longo das margens do Nilo, ao Nordeste da África, entre o Mar Mediterrâneo, o Sudão, o Mar Vermelho e o deserto da Líbia. Seu clima é seco. As chuvas são escassas. Sua fertilidade deve-se ao Nilo.

O Nilo - ‘‘O Misterioso’’, rio de unidade nacional, fertiliza o solo e facilita as comunicações. Recebendo as águas das chuvas que caem nas suas nascentes, localizadas na África Equatorial e na Etiópia, eleva-se de julho a novembro, depositando no vale o limo fertilizante. Crescem ali o loto e o papiro. Cultivam-se vários cereais que fizeram do Egito o ‘‘celeiro do mundo antigo’’. Adorando como um deus, dele dependem os egípcios, justificando a frase de Heródoto de Halicarnasso: ‘‘O Egito é um presente do Nilo’’.

O Povo - Pertenciam os egípcios ao ramo mediterrâneo do grupo caucásico e na sua formação entraram elementos negróides, líbios e semitas. Eram pacíficos, trabalhadores, pacientes e ‘‘os mais religiosos do mundo’’, segundo Heródoto.

HISTÓRIA POLÍTICA (Período pré-dinástico)

Os Nomos - Nos tempos pré-históricos, tribos nômades estabeleceram-se no Vale do Nilo, agrupadas em clãs, ao redor de um chefe e de um totem comum. Ocuparam territórios denominados nomos, governados por nomarcas. Por volta do IV milênio a.C., levados pela necessidade de melhor aproveitar a terra, agruparam-se os nomos em dois reinos.

Os dois Reinos - O Reino do Alto Egito, no Sul, tinha por capital Necknes. Seu soberano cingia uma coroa branca. O Reino do Baixo Egito, no delta, fixou sua capital em Buto. Uma coroa vermelha era usada pelo seu rei.

A Unificação - Os dois reinos foram unificados por Menés, príncipe de Tínis, por volta de 3200 a.C. Cingiu as duas coroas, tornando-se o primeiro faraó do Egito. Sua capital era Tínis. Seus sucessores, a partir da terceira dinastia, reinaram em Mênfis, cidade por ele fundada.

As realizações - Do período pré-dinástico foram importantes: calendário, sistema de escrita, irrigação do solo, tecelagem.

IMPÉRIO ANTIGO

A Política Pacifista - O governo do Antigo império não era militarista. Não tinha exército permanente. O espírito belicioso não existia devido à fertilidade da terra e à superioridade religiosa.

As grandes construções - A paz interna e a prosperidade econômica foram importantes nas realizações arquitetônicas desse período. Os faraós da quarta dinastia, Quéops, Quérfren e Miquerinos, construíram as grandes pirâmides de Gizé.

A ascensão dos Nobres - No fim do Império transformações ocorreram. Na Ásia, tribos nômades se movimentaram, ameaçando o intenso comércio que os egípcios mantinham com outros povos orientais. Revoltas internas, provocadas pelo desenvolvimento do individualismo, pesados impostos e usurpação do poder assolaram o país. O comércio, sustentáculo do faraó, declinou. Templos foram saqueados pelo povo. Os cargos públicos tornaram-se hereditários. Funcionários e sacerdotes disputam o poder. Os nomarcas, governadores das províncias, assumem o governo. Surgem vários pequenos estados independentes. Inicia-se a chamada ‘‘Época Feudal’’.

MÉDIO IMPÉRIO (2134 a 1580 a.C.)

A restauração - Os príncipes de Tebas terminaram com Época Feudal. A unidade nacional foi restabelecida, organizaram a administração, incrementaram a economia, recuperaram as rotas comerciais e realizaram importantes obras públicas, tais como o Lago Moeris e o palácio Labirinto, construídos por Amenemá III. Na segunda metade deste período, nova crise surgiu. Disputas dinásticas ocorreram. Monarcas sem autoridade governaram o país, que caiu nas mãos dos estrangeiros semitas, chamados hiscos.

O domínio dos Hiscos (1750 a 1580 a.C.) - Vindos da Ásia os hiscos, de origem semita, invadiram o país. Foram os primeiros dominadores estrangeiros do Egito. Eram chamados ‘‘Reis Pastores’’, ‘‘piores que a peste’’, ‘‘ímpios que governaram sem Rá’’. Introduziram no Egito o cavalo, o uso do ferro e o carro de guerra. Seu domínio despertou no povo egípcio o ‘‘sentimento nacionalista’’ e o ‘‘espírito militarista’’. Por volta de 1580 a.C., os príncipes de Tebas empreenderam luta pela expulsão dos invasores. O herói da luta foi Amósis I. Restabeleceu-se a unidade nacional. Inicia-se o Novo Império.

Os Hebreus no Egito - Durante o domínio dos hiscos, os hebreus, também semitas, entraram no Egito. José, filho de Jacó, chegou a ser vice-rei. Após a expulsão dos hiscos, os israelitas foram escravizados. Deixaram o país no Novo Império, sob o comando de Moisés (Êxodo).

NOVO IMPÉRIO (1580 a 525 a.C.)

As conquistas Militares - Os faraós do Novo império iniciaram uma série de conquistas militares, transformando o Egito num poderoso Império. Alastrou-se do Mar Vermelho ao Eufrates. Os heróis da luta pela expansão foram: Tutmés III e Ramsés II.

Tutmés III, o grande - Estendeu os domínios egípcios sobre a Síria e a Palestina. Notável foi também sua irmã Hatshepsut, que se fez proclamar do sexo masculino.

Ramsés II - Grande conquistador, bom admirador, hábil diplomata, reinou 67 anos. Venceu uma coligação de asiáticos na célebre batalha de Kadesh, chefiada pelo rei Khatusil, grande chefe hitia. Assinou um tratado de paz com o rei Hitia e casou-se com uma de suas filhas. Com as riquezas arrebatadas aos povos vencidos, transformou Tebas numa esplendorosa cidade, com palácios e templos magníficos. Após sua morte, o país entrou em declínio. Ramsés III procurou salvá-lo, sem sucesso.

O declínio - Vários foram os fatores que contribuíram para o declínio do Novo império: imperialismo, afluxo de riquezas, lutas internas, invasões estrangeiras. Generais e sacerdotes disputam o poder. O país se divide. Núbios conquistam-no. Seguem-se os líbios que dominaram quase dois séculos. os etíopes, oriundos do deserto, sucederam os líbios. Chega a vez dos assírios, que dominaram por oito anos a partir de 670 a.C.

O renascimento saíta - Após o domínio assírio, um príncipe de Saís, Psamético, fundador da 26ª dinastia, restabeleceu a independência do Egito. Sua capital era Saís, no delta. Seu governo assinalou o renascimento da civilização egípcia. A restauração iniciada por Psamético I foi continuada por seu filho Necao, que intensificou as relações comerciais com a Ásia, tentou unir o Nilo ao Mar Vermelho por meio de um canal e estimulou a navegação. Durante o seu reinado, um navegador fenício, Hamon, a seu serviço, realizou uma espetacular viagem que durou três anos. Saiu do Mar Vermelho, navegou as costas africanas e voltou ao Egito pelo mediterrâneo.

O domínio estrangeiro - O império Saíta não durou muito tempo. Em 525 a.C., os persas sob o comando de Cambises, conquistaram o Egito, transformando-o numa província persa. A conquista persa assinala o fim da história do Egito independente. Depois dos persas, vieram os gregos, os romanos, os árabes e os turcos.

ORGANIZAÇÃO POLÍTICA

A monarquia teocrática - Era a forma de governo do Antigo Império. O faraó centralizava em suas mãos todos os poderes, porém não era tão despótico. Governava como vigário de deus. Julgava-se filho de Rá, o deus-sol. No médio Império, o faraó governava mais como um ser humano e seu poder não era tão absoluto. No Novo Império, a monarquia absoluta era sustentada pelo militarismo. O poder era centralizado. Os nomarcas eram considerados apenas representantes do faraó. Venerado como um deus, o faraó recebia títulos pomposos como: ‘‘Filho de Hórus" e ‘‘Filho de Rá’’. Exercia as funções supremas de sacerdote, juiz e chefe militar. Era ‘‘senhor de todos os homens e dono de todas as terras’’. Ao pronunciar o seu nome, os egípcios deveriam dizer: ‘‘que floresçam nele a vida e a saúde’’. Os funcionários reais eram encarregados da arrecadação dos impostos e da fiscalização das grandes construções e trabalhos agrícolas. Os governadores cuidavam da administração e da manutenção da ordem nas províncias.

ORGANIZAÇÃO SOCIAL

As classes sociais - Caracterizava-se a sociedade egípcia pela maleabilidade perante a lei, família monogâmica, concubinagem permitida e respeito à mulher, que ocupava lugar de destaque. Dividia-se em: família real, sacerdotes, nobres, guerreiros, escribas, mercadores, artesãos, lavradores, servos e escravos. Os sacerdotes tinham grande influência e poder; monopolizavam a cultura das ciências e possuíam imensa fortuna.

RELIGIÃO

Características - A religião foi elemento cultural que mais atuou na vida do povo egípcio. Influenciou a Filosofia, a Literatura e as artes. Suas características principais eram: politeísmo, crença na imortalidade da alma, no juízo final, na volta da alma ao mesmo corpo e culto aos animais.

Os grandes deuses - Os egípcios adoravam muitos deuses, representados de várias formas: como figura humana (antropomorfismo), sob a figura de animal (zoomorfismo), com corpo humano e cabeça de animal (antropozoomorfismo). Os principais eram: Ámon-Rá, Osíris, Ísis, Hórus, Plath, Thot, Anúbis.

O Mito de Osíris - O deus Osíris foi assassinado e retalhado por Set, seu irmão. Ísis, sua irmã e esposa, auxiliada por Hórus, Thot e Anúbis, recolheu os pedaços do corpo de seu marido e os colou. Hórus e Thot sopraram-lhe a boca, devolvendo-lhe a vida. Este mito simbolizava a regressão das águas no outono e a volta da inundação na primavera.

O tribunal de Osíris - Encarregado de Julgar as almas, o tribunal de Osíris era composto de 42 deuses por ele chefiados (juízes). A alma, depois de fazer a sua defesa através do ‘‘Livro dos Mortos’’, deveria declarar-se inocente dos 42 pecados e confirmar as suas virtudes. Depois, seu coração, símbolo da consciência, era pesado numa balança por Anúbios. Se fosse inocente, ia viver em bosques com pássaros canoros e lagos cheios de lotos e gansos.

O culto aos animais - Os animais que serviam para representar seus deuses eram sagrados pelos egípcios: o Boi Ápis, o gato, o crocodilo, o chacal, o escaravelho. O Boi Ápis vivia em Mênfins numa capela, servido por sacerdotes. Depois de morto, era embalsamado.

O culto aos mortos - O fato de o sol se esconder todas as tardes e reaparecer no dia seguinte , bem como o Nilo crescer recolher-se ao leito, levou os egípcios a desenvolver o culto dos mortos. Acreditavam que o ser humano possuía uma alma ou duplo corruptível, denominado ‘‘Ká’’. Nos túmulos, chamados no Antigo Império ‘‘casa do duplo’’, fora, encontrados: cofre, roupas, cadeiras, mesas, camas, pinturas, livros. A mumificação começou por volta de 4000 a.C. variando de categoria conforme a capacidade econômica ou categoria social dos familiares do defunto.

A reforma de Amenófis IV - Amenófis IV, ou Iknáton, expulsou os corruptos sacerdotes dos templos e estabeleceu o culto monoteísa de Áton. Mudou seu nome para Iknáton, que quer dizer: ‘‘Áton está satisfeito’’. Seu monoteísmo teve duração efêmera. Após a sua morte, Tutankhamon, cujo riquíssimo sepulcro foi encontrado, restaurou o politeísmo e o poder dos sacerdotes de Ámon-Rá.

ECONOMIA

Agricultura
- Era a base econômica dos egípcios. Os agricultores lavraram a terra com a ajuda dos animais. Colhiam trigo, cevada, centeio, cebola, algodão, linho, frutos e legumes.
A indústria
- Atingiu grande desenvolvimento. Trabalhavam em metais. Fabricavam tecidos finos, vidros coloridos, barcos, móveis, ladrilhos, armas, jóias, vasos, espelhos.
O comércio
- Exportavam trigo, tecidos, linho, cerâmica. Comerciavam com Creta, Fenícia, Palestina, Síria. Usavam como meio de troca argolas de ouro e de cobre e peso fixo.
AS ARTES

Arquitetura - As artes egípcias caracterizavam-se pela espontaneidade, naturalismo e idealismo. A mais desenvolvida de todas foi a arquitetura, atestada pela pirâmides, templos, palácios. As pirâmides, os túmulos reais, simbolizavam também o poder do faraó e a grandiosidade do povo. Os templos mais célebres são os de Ámon, em Karnac e em Lúxor.

A escultura - Os escultores egípcios começaram por imitar a natureza. Suas estátuas mais antigas são admiráveis de vida e singeleza. Exemplo: “Escriba Sentado”, que se encontra no Louvre. Outra obra famosa é a ‘‘Esfinge’’, esculpida em forma de leão, numa rocha perto das pirâmides, durante o reinado de Quéfren. Esculpiram também os artistas colossais estátuas de faraós.

A pintura - Era descritiva e movimentada. Os artistas tinham predileção pelas cenas da vida diária. A falta de perspectiva e a posição dos personagens, sempre de perfil, resultaram do respeito que sentiam pela tradição artística, especialmente no trato de temas religiosos.

AS CIÊNCIAS

A astronomia - Foi a mais importante das ciências desenvolvidas pelos egípcios. Impulsionados pela necessidade de medir o tempo das inundações do Nilo, inventaram o relógio de sol e o de água. Traçaram mapas celestes, situaram os pontos cardeais e foram os autores do mais antigo calendário que se conhece.

A matemática - Lançaram os fundamentos da Aritmética e da Geometria. Inventaram a soma, a subtração e a divisão. Não sabiam multiplicar. Determinaram triângulos e retângulos.

A medicina - Havia no Egito especialistas em doenças do estômago, coração e em fraturas; dentistas, oculistas, cirurgiões que tiveram a idéia da pulsação. Desenvolveram também a Física, a Metalurgia, a Hidráulica a Química. A palavra ‘‘Quemi’’ quer dizer Egito, na escrita hieroglífica, e vem daí ‘‘Química’’.

AS LETRAS

A literatura - Floresceu nos diversos gêneros destacando-se os escritos filosóficos, tais como: ‘‘Máximas de Ptahhotep’’, ‘‘Canção do Harpista’’, ‘‘Diálogo de um Misantropo com sua Alma’’, e nas obras religiosas, como ‘‘Hino ao Sol’’, e de Amenófis IV.

A escrita - Os egípcios, desde os primeiros tempos, deixaram gravadas em pedra e vasos figuras de objetos, plantas e animais, que adquiriam valor representativo, dando origem à escrita ‘‘hieroglífica’’, que significa ‘‘gravação sagrada’’. Quem a decifrou foi o sábio francês JeanFrançois Champollion, estudando um decreto sacerdotal escrito em hieroglífico, demótico e grego, da pedra de Roseta, encontrada por um soldado de Napoleão, em 1799. Criou Champollion a ‘‘Egiptologia’’, ciência que consiste em decifrar e traduzir as inscrições dos documentos egípcios. Na redação de documentos, adotaram os egípcios a escrita ‘‘hierática’’. A escrita popular chamava-se ‘‘demótica’’.

AS CONTRIBUIÇÕES
  • fundamentos de Aritmética, Geometria, Filosofia, Religião, Engenharia, Medicina;
  • relógio de sol;
  • calendário;
  • sistema de escrita;
  • técnicas agrícolas.

Fonte : http://www.consulteme.com.br/histgeral/egitoe.htm