novamente o tempo


estava sentado em uma cadeira. pequenos fachos de luz entravam pelo meu quarto. a luz incomoda quando voce precisa pensar . sinto-me parado, em um tempo que nao existe mais. mas ao mesmo tempo, me sinto preso a uma corrente que me leva para o futuro. um livro de eletronica pousado sobre a mesa se encontra aberto no capitulo sobre transistores. a corrente passa por eles, brincando com o tempo e nossa imaginacao. bela, a ciencia nunca me deixou sozinho.

da janela, ouco diversos sons. somas de frequencias que brincam com meus ouvidos. cada som forma o colorido do tempo de uma pessoa que esta correndo para casa. eh noite, eles precisam encontrar com suas familias, beijar suas esposas, cantar com seus filhos, sorrir enquanto lembram dos bons momentos que viveram. passado e presente se encontram nestes momentos como se fossem simplesmente, irmaos. formam o homem completo.

a lembranca. eh como se nosso livro da vida estivesse guardado em nossa mente, e, sempre que precisamos de boas lembrancas, ele aparece, para nos mostrar algo bom.

um facho de luz ilumina uma fotografia. ela vem de um tempo passado. estou correndo junto com um cao. animais sao alheios a esta nossa tendencia de procurar explicacoes. eles vivem … nao precisam explicar seus sentimentos, entender seu mundo. os animais sao parte do mundo e somente isto. deviamos aprender com eles. as vezes, a ciencia eh dura demais com a natureza humana.

no apartamento ao lado ouco um choro. uma crianca, pede para o pai nao jogar seus gibis fora. penso naquele momento … para a crianca, eh como se aquilo nao fosse mais passar. o tempo se torna cada vez maior, passa lento. a crianca se prendera a ele com uma raiva a atitude do pai. ate o dia em que aquele “tempo” ira deixar de existir, e a crianca esquecera das atitudes do pai, quando o mesmo marcar-lhe com um abraco e um sorriso. ai, a cena que ficara sera o abraco. um tempo de sorriso.

dois amantes em algum lugar da cidade, brigam. as palavras de amor, que ficaram marcadas em um tempo, deixaram de existir apagadas pelo odio do momento. os coracoes se fecham. a natureza humana novamente junta com o tempo. o tempo, so ele curara as feridas. um belo dia, os dois se verao apaixonados por outras pessoas. e um novo ciclo comecara. talvez, o mesmo momento se repetira, com outras pessoas, e o tempo novamente, imprimira aquilo na sua vida. o tempo brinca conosco. ele eh estranho …

a escuridao parece eterna. o tempo continua andando e eu aqui continuo pensando sobre ele. ele parece um demonio quando nao nos deixa viver em totalidade …

pena … nao eh culpa do tempo somente …. eh culpa de toda natureza humana …

volto-me para a janela e observo as pessoas la embaixo. sorridentes, mal humoradas, olhares fitando o horizonte …. e o tempo, entremeando a existencia de cada uma delas …

sorridente, fito uma estrela que brilha no ceu. ela sorri para o mundo, alheia ao tempo. alheia a todos nos …

25/06/2002