Texto de Susan Blackmore, que já trabalho com parapsicologia e hoje milita pelo ceticismo e ateismo.
Original em português na Sociedade da Terra Redonda
Você já teve uma experiência na qual não conseguia saber com certeza se as coisas eram reais ou não? Não estou falando de sonhos comuns. Eles parecem reais quando acontecem mas você acorda e percebe que não são. Estou falando de experiências que são mais profundamente desconcertantes do que esta.
Talvez, em algum ponto de sua vida, você tenha se divertido ao brincar com seus próprios sonhos, como este homem que aprendeu como controlar seus sonhos quando era criança:
Eu tinha 10 anos e minha mãe tinha me tirado de meu pai (enquanto não
acontecia o divórcio). Eu estava morando na casa dos meus avós e toda
noite sonhava que caía de um penhasco. Eu sempre acordava no meio (acho que não preciso de um psicanalista para saber o significado disso!). Eu me decidi a terminar o sonho e encontrar o que aconteceria se eu chegasse ao chão. E acabei conseguindo. Seguiu-se uma ‘sensação’ de vazio - eu sei que isso parece uma contradição mas não consigo pensar em outra maneira de descrever. Eu parei de ter aquele sonho específico mas desde então consigo controlar meus sonhos. Por exemplo, freqüentemente eu acordo no meio de um sonho agradável de manhã e deliberadamente volto a dormir para terminá-lo da maneira que desejo.
Se você aprendeu a controlar seus sonhos, também pode ter tido a experiência de perceber durante o sonho que está sonhando. É como se você fosse ficando consciente durante o sonho e isso pode dar uma sensação extasiante de estar no comando do sonho. Isso se chama “sonho lúcido”, e experiências mostram que as pessoas estão realmente dormindo e sonhando quando isso acontece. Algo em torno de 40% das pessoas alegam ter tido essa experiência (embora as pesquisas variem
consideravelmente), que é ligada a sonhos de vôo e de queda.
Ou você pode ser uma das aproximadamente 15% das pessoas que tiveram uma
experiência de ‘projeção astral’. Você sente que deixou o próprio corpo e pode viajar por aí, voando pelo campo ou visitando um amigo perdido há muito tempo.
Mas você sempre se pergunta: isso é real? A grama e os campos lá embaixo parecem absolutamente reais - ainda mais que na vida comum, mas não tem algo errado com isso tudo? Você provavelmente percebe que não consegue ler ou ver claramente objetos pequenos, e certamente não consegue abrir a porta ou acender a luz. Ou você pode ter tido um acidente ou um choque terrível, ou mesmo se aproximado da morte, e se sentiu arrastado ou propelido por um túnel escuro em direção a uma luz maravilhosa e um outro mundo.
Muita pesquisa foi feita para compreender como tais experiências podem acontecer e o que se passa no cérebro para explicá-las. Entretanto, há algumas experiências mais simples e mais sutis que estão disponíveis a quase todos nós mas que praticamente não foram pesquisadas. Por muitos anos eu tenho coletado os relatos que me mandam. Os resultados me surpreenderam. Longe de serem as coisas estranhas que você pode imaginar, esses estados curiosos são extremamente comuns. A maioria de
nós fala como se estivéssemos absolutamente certos de saber diferenciar a realidade da imaginação - não estamos ficando loucos - nós temos os pés plantados firmemente no chão. Mas investigue um pouquinho mais e a maioria das pessoas admitirá que, às vezes, não tinha tanta certeza assim.
Hoje vou falar sobre apenas duas dessas estranhas experiências. Muitos de vocês podem tê-las experimentado. Se não é o caso, você provavelmente achará que eu sou tão estranha como as pessoas de que estou falando, mas se você já experimentou alguma delas então as reconhecerá e imediatamente pensará “ah é, é bem isso o que me aconteceu “.
Falso Despertar
Falso despertar é quando você sonha que acordou - embora na verdade ainda esteja dormindo. Pode ser realmente desconcertante, e até estressante. Você pode se convencer de que fez várias coisas quando na verdade não fez, como uma aluna tinha que sonhou que tinha levantado, escovado os dentes, tomado o café da manhã, ido de bicicleta subindo uma ladeira íngreme até a universidade, e depois percebeu que estava ainda na cama e tinha que fazer tudo de novo - de verdade.
Isso pode ser divertido, mas alguns falsos despertares não são tão engraçados - como este: Eu tive um em que senti uma presença em meu quarto. Eu pensei que estava acordado na hora e me deu um medo enorme. Eu podia sentir alguma coisa tentando me fazer virar na cama. Eu abri os olhos e estava muito escuro mas notei que minha cama estava no lado oposto do quarto e de repente eu percebi que eu já conseguia acordar.
Em uma recente análise de experiências das crianças, eu perguntei a 126 crianças
de 8 a 13 anos “você já pensou que tinha acordado e percebeu que estava sonhando que tinha acordado?” Para minha surpresa, 57% responderam que im. Naturalmente que é difícil saber quão bem elas entenderam a pergunta e quão boa era sua memória para essas experiências; entretanto, esse é um número enorme, e diversas crianças
forneceram descrições que cabem perfeitamente na definição.
Às vezes as pessoas acordam espontaneamente deste tipo de sonho. Às vezes notam algo estranho no quarto, como um interruptor de luz que não funciona bem, um objeto familiar da cor errada, ou um tipo meio assustador de luz ou brilho nas coisas. Isso pode levá-las a se perguntar “isso é um sonho?” e esse é o caminho, ou para um sonho lúcido (saber que se está sonhando ao invés de achar que é real),
ou para acordar.
Em uma pesquisa paralela de 224 estudantes universitários de primeiro ano, eu descobri que 83% afirmaram terem tido falso despertar. Tanto em crianças como em adultos, as pessoas que relataram falso despertar também tinham maior probabilidade
de ter tido paralisia do sono. Os adultos relataram mais freqüentemente ambas essas experiências enquanto as crianças relataram mais freqüentemente ver fantasmas, luzes estranhas em seus quartos ou em outro lugar, e ver UFOs.
Às vezes recebo relatos do que as pessoas acham ser experiências mediúnicas ou paranormais mas que mais se parecem com um falso despertar. Eis um exemplo.
Em 1983 o vigário tocou a campainha de casa e me perguntou se eu iria à comunhão
às 8 da manhã do dia seguinte por causa do dia de Santa Teresa de Ávila. Eu aceitei com satisfação porque ela é uma das minhas santas favoritas.
Eu ajustei o alarme para as sete e meia, mas como tinha ido tarde para a cama, ainda estava com muito sono quando o alarme tocou e decidi dormir mais alguns minutos… isso foi fatal porque entrei em um sono profundo.
Durante esse tempo eu tive um sonho em duas partes (é claro que eu não sabia que era um sonho). Na segunda parte eu ouvi o telefone tocar no parapeito da janela do andar de baixo. Eu saí da cama para atender e fiquei irritada quando escutei o
telefone sendo tirado do gancho (quem estava casa tão cedo?). Eu olhei por cima do corrimão e vi uma senhora de meia-idade vestida de cinza, com cabelo grisalho preso atrás. Ela estava falando no telefone… ‘Ah, é você pai! Sim! Mmm!’ - então ainda segurando o telefone e virando ao máximo o pescoço para olhar para mim, disse em
uma voz muito contundente e doce, ‘você vai à igreja de manhã?’
Meus olhos se abriram de repente - meu relógio mostrava 7:52 (felizmente estava 2 minutos adiantado) então pulei da cama, me lavei, me vesti e corri para a igreja (a 3 minutos dali) bem na hora para a missa… de qualquer maneira isso demorou alguns minutos já que um empreiteiro entrou comigo na igreja pois queria a chave do salão da paróquia porque ele estava fazendo algumas reformas que começariam às
oito da manhã (isso confirmou parte do meu sonho).
Contando isso a um amiga entendida em coisas espirituais, ela disse ter certeza
de que a senhora era a própria Santa Teresa. Foi quando eu lembrei que enquanto ela falava comigo eu notei uma área preta por causa da deterioração em um dos dentes da frente. Biógrafos afirmam que em seus últimos dias, os dentes da santa estavam deterioradas até as raízes mas que seu hálito nunca era desagradável - uma deliciosa fragrância encantadora exalava de sua boca.
Mas quem estaria falando no outro lado da linha? Enquanto pensava sobre isso eu me lembrei de um vigário (Frei Totterdell) que ficou conosco por 2 anos antes de morrer
e que costumava me ligar todos os dias às 7:15 para que eu chegasse às 7:30 para a comunhão (eu tinha faltado uma manhã porque o alarme não tinha tocado). Eu costumava deixar o telefone tocar três vezes e não atender, claro. Portanto tenho certeza de que era ele.
Esta senhora claramente queria encontrar uma explicação para sua estranha experiência. Concluiu que foi visitada pelos espíritos de uma santa e de um vigário. À medidaque aprendemos mais sobre estados do limite da consciência, penso que outras explicações se tornam mais prováveis.
Paralisia do Sono
No sono normal durante o qual que se sonha, o cérebro está muito ativo, os olhos se movem rapidamente (este estágio é chamado REM, Rapid Eye Movement, ou MRO, Movimento Rápido dos Olhos) e todos os principais músculos corporais estão paralisados. Não estão rígidos e contraídos, mas muito relaxados. Estão paralisados porque os sinais que vêm do cérebro são incapazes de estimulá-los a se contrair. Essa paralisia é necessária porque se não fosse assim você atuaria fisicamente nos seus sonhos.
Normalmente as pessoas nem percebem conscientemente a paralisia. Entretanto, ocasionalmente algo dá errado com o mecanismo, por exemplo se você está muito cansado, se trabalhou demais, se está excitado ou preocupado. Aí você pode ficar paralisado antes de estar realmente adormecido, ou acordar e ainda encontrar-se paralisado por estar sonhando. Isto é chamado de “paralisia do sono”.
Eis aqui um relato simples mas típico de alguém que experimenta freqüentemente essa sensação estranha.
De repente eu noto que estou parcialmente acordado, posso ouvir ruídos, posso até tentar falar, mas não consigo mover absolutamente nenhuma parte do meu corpo.
Infelizmente, eu sei que se conseguir entrar em sono profundo de novo, tudo fica
bem, mas há um sentimento de pânico completo de que se eu fizer isso eu morro e é por puro esforço mental que eu me faço acordar - me sentindo quase exausto pelo esforço.
Embora a paralisia do sono seja conhecida há muitos anos, existe muito pouca pesquisa sobre ela. Por exemplo, há evidências de que pessoas que sofrem de paralisia do
sono são bem ajustadas psicologicamente, e não há nenhuma evidência de patologia ou doença associadas a ela. Um estudo japonês descobriu que 40% das pessoas alegavam tê-la experimentado e os investigadores desenvolveram uma maneira de induzir a paralisia no laboratório. Em meus experimentos, descobri que 34% das crianças e 46% dos adultos relatavam tê-la experimentado, e a proximidade com os números deles nos dá maior segurança. Entretanto, há muito poucos estudos e não sabemos ao certo quantas pessoas têm essa experiência, quem a tem, sob que circunstâncias ou o que pode ser feito para estimulá-la ou impedi-la.
Muitas culturas têm o que se chamada de mitos da paralisia do sono. Por exemplo, as pessoas de Newfoundland, no Canadá, descrevem uma “bruxa velha” que aparece de noite e se senta sobre o peito das pessoas, impedindo-as de se mover, e os vietnamitas têm
um “fantasma cinza”. Os íncubus e súcubus medievais eram os demônios que vinham à noite e seduziam pessoas inocentes. Imagina-se que sejam casos de paralisia do sono, como as histórias de abduções por fadas e changelings1. Hoje em dia mais provavelmente as pessoas vão relatar que apareceu um ET de um metro e vinte de altura com grandes olhos
amendoados, pretos e enviesados que as tirou do quarto à noite e levou a uma espaçonave onde foram operadas ou sexualmente manipuladas e devolvidas na cama tendo misteriosamente sumido uma hora ou duas de tempo. Poderiam as abduções por ETs ser nosso equivalente moderno do mito da paralisia do sono?
Foi o que eu sugeri em uma recente revista de ufologia e tenho sido desde então inundada por cartas fascinantes de pessoas que experimentaram a paralisia do sono e
não sabiam. Muitas parecem estar extremamente aliviados porque enfim descobriram o que lhes aconteceu. Diversas chegaram até a pedir ajuda a médicos mas não encontraram ninguém que soubesse o que era paralisia do sono.
Até agora coletamos aproximadamente cem descrições dessa experiência e alguns achados notáveis estão começando a emergir. Há determinadas características que surgem repetidas vezes. Por exemplo, existem os estranhos ruídos de pessoas se lamentando, ou sons que parecem provir e máquinas ou murmúrios. Um descreveu “gritos altos e gargalhadas agudas” e outro disse “escutei um ruído retumbante em minha cabeça: como se fosse devido a alta pressão sangüínea”.
E existem as vibrações. As pessoas as descrevem de muitas maneiras diferentes mas estão obviamente tentando descrever a mesma idéia quando falam de sacudir ou vibrar. Um indivíduo diz que “era como se meu corpo inteiro vibrasse em alta freqüência e eu sentia até os meus dentes vibrarem junto”. Outro diz que “uma estranha vibração profunda tomou o meu ser e literalmente me virou do avesso”.
Outras características comuns incluem luzes estranhas vistas no quarto. Elas podem estar piscando, ser estrelas pequenas, ou objetos brilhantes. Em nossa pesquisa perguntamos “você já viu luzes ou bolas de luz incomuns em um quarto sem saber o que as causava, ou de onde vinham?”. Essa pergunta se baseou em uma famosa pesquisa de opinião da Roper em 1992, que concluiu que quase 4 milhões de americanos tinham sido seqüestrados por ETs. 8% dos adultos entrevistados tinham visto as luzes e isso foi interpretado como sugerindo que eles tinham sido seqüestrados. Em minha pesquisa, ainda mais pessoas relataram essas luzes; 17% dos adultos e 28% das crianças. Entretanto, isso não parece tão surpreendente agora que sabemos as luzes estranhas são comuns durante a paralisia do sono.
A paralisia do sono também é freqüentemente acompanhada pela forte sensação de que existe mais alguém com você - apesar de você não vê-lo, vê-la ou ver aquilo. Uma dessas pessoas explicou que “depois de alguns minutos parecia que eu
acordava de novo… e percebia que algo ou alguém estava em meu peito, me prendendo, enquanto uma segunda entidade corria pelo meu quarto, fazendo gozações sobre mim”.
Uma mulher de 28 anos explicou que sofreu com a paralisia do sono desde a infância e a que ela ainda a assusta. Uma vez ela sentiu como se fosse agarrada por trás pela
cintura e jogada 15 metros acima. Ela sentiu até mesmo os dedos a apertando. Em uma outra ocasião algo a agarrou pelo peito e empurrou suas costas contra a cama. Recebemos muitas descrições de pessoas que se sentem pressionadas, esmagadas ou puxadas, sentem uma pessoa invisível se sentar na cama, ou até vêem a roupa de cama ser movida ou pressionada.
Uma outra mulher descreveu assim a pior de suas muitas experiências de paralisia do sono: Eu acordei e vi um vulto alto e preto no pé de minha cama puxando meus pés pelas cobertas.
Eu o sentia me puxando da cama e consegui gritar por entre os dentes cerrados, soando mais como o relinchar de um cavalo aterrorizado do que como um ser humano.
Desta vez meu marido ouviu, se inclinou e bateu no meu ombro dizendo “cala a boca”. Aí eu acordei de fato.
Sabe-se que a sensação de presença pode ser criada estimulando os lobos temporais do cérebro. Eles estão acima das orelhas em ambos os lados do cérebro e lidam com a integração entre memória e experiência, com a imagem do corpo e muitas outras funções. Epilépticos freqüentemente têm o foco dos seus ataques nesta área do
cérebro. Estimular o lobo temporal (por exemplo, com eletrodos ou com campos magnéticos) pode causar experiências de projeção astral, experiências místicas, sensações de flutuar e voar e também a sensação de que há alguém com você - mesmo que você não possa ver nada. O lobo temporal é especialmente ativo durante certas fases do sono e assim pode haver uma conexão aqui com a paralisia do sono.
Algumas pessoas também têm lobos temporais muito mais instáveis do que outras.
O que é chamado de “instabilidade do lobo temporal” pode ser medido, e as pessoas com altos graus nessa escala (com os lobos temporais instáveis ou altamente ativos) tendem a ser mais artísticas. Relatam mais freqüentemente experiências de déjà vu, místicas, mediúnicas e de projeção astral, e têm mais freqüentemente amigos imaginários na infância. Ainda não está claro qual a conexão com paralisia do sono
ou se os fenômenos do lobo temporal podem ser responsáveis pela sensação de presença e pelas criaturas estranhas.
Uma pergunta fascinante surge aqui. A pessoa está realmente acordada, com os olhos
abertos, olhando de fato para o quarto e tendo uma alucinação a respeito da criatura? Ou é tudo sonho? O fato de que as pessoas parecem ver seus quartos normalmente e podem ouvir ruídos na rua ou no rádio sugerem que estão acordados,mas elas ainda pode estar com olhos fechados e tendo uma alucinação da cena inteira - o quarto incluído.
Está aqui um caso para ilustrar o problema. Uma mulher de Middlesex contou sua primeira experiência de 53 anos atrás quando tinha 17 anos e era uma enfermeira em período de experiência na primeira jornada do turno da noite.
Naquela noite em especial eu fui para o banheiro da equipe de funcionários às duas da manhã e me aconcheguei em uma cadeira confortável pelas duas horas a que tinha
direito. Para mim sempre foi difícil relaxar o suficiente para dormir mas eu conseguia tirar umas sonequinhas. Entretanto, nesta ocasião eu dormi. Eu acordei com a luz sendo ligada e pela Irmã da noite chegando com a consultora sênior. Para meu horror eu era incapaz de mover-me ou falar enquanto elas cruzavam o quarto para discutir sobre um paciente. Naquela época as enfermeiras que estivessem sentadas sempre se levantavam quando um médico ou funcionário mais velho entrava no recinto. Por isso fiquei realmente tomada de pânico mas elas aparentemente não me notaram e logo saíram do quarto. Quando eu dei por mim, estava acordando sacudida por um colega que disse que era hora de voltar ao serviço. Quando eu cheguei na sala de trabalho
eu estava tremendo e me desculpei com a Irmã e expliquei sobre a paralisia. Houve um silêncio de espanto e de repente ela sorriu e disse que ninguém tinha ido ao quarto enquanto eu estava dormindo e que o que eu tinha experimentado era provavelmente a Paralisia das Enfermeiras da Noite.
Esta enfermeira claramente teve uma alucinação com a Irmã e a consultora mas ela estava lá sentada e paralisada com os olhos fixamente abertos, como lhe pareceu, ou a
cena toda foi sonhada? A única maneira de descobrir deveria ser observando a paralisia do sono no laboratório ou acoplando instrumentos de gravação nas pessoas que os têm freqüentemente em casa. Esta deve ser a etapa seguinte em nossa pesquisa.
Nós também estamos interessados em ajudar pessoas atemorizadas por suas experiências. De todas as pessoas que nos contaram como pararam de ter medo, a maioria disse que ajuda relaxar, esquecer tudo e esperar até acabar. Lutar contra a paralisia parece apenas piorá-la, e tentar respirar mais fundo faz você sentir-se como se estivesse sendo sufocado (é melhor deixar em paz seu controle respiratório automático
nesse estado!) e tentar gritar no máximo lhe causará uma garganta doendo. Se você conseguir relaxar, a paralisia se dissolverá por si só em alguns segundos ou minutos.
Entretanto, para muitas pessoas esse conselho é totalmente irrealista. Elas estão com tanto medo que relaxar está completamente fora de cogitação. E de fato para algumas pessoas parece que simplesmente não funciona. Para elas, parece que a melhor maneira é tentar, com muito cuidado, mover apenas uma coisa. Algumas crianças dizem que aprenderam a dobrar o dedo mínimo, ou um dedo do pé. Outros tentaram mover o nariz ou piscar com força. Por isso, se você não conseguir relaxar, tente deixar todo o resto parado e se concentrar em um pequeno movimento.
Finalmente, algumas pessoas definitivamente adoram a experiência e tentam induzi-la
de propósito. Isto pode levar a sensações de projeção astral, de flutuar, voar e outras experiências agradáveis. Por isso, se você quiser explorar seu próprio mundo interior, esta é uma maneira sem drogas, sem dor e fascinante de fazê-lo - enquanto os ogros e os duendes não te pegarem!
Ensaio apresentado no Festival Anual de Ciência da British Association em Birmingham,
10 de Setembro 1996.
Tema: A Psicologia da Experiência Anômala
Notas
1 - Segundo a lenda, fadas às vezes raptam adultos e os levam para o seu reino.
Elas também roubariam bebês, deixando no lugar os filhos deformados ou imbecis que
tivessem, que seriam os changelings.
Referências
http://www.skepdic.com/obe.html
http://www.skepdic.com/tipara.html