Tudo bem, eu sei, é ilegal. Mas quando eu viajo para Divinópolis, minha terra natal, sou forçado a entrar em ônibus de péssima qualidade, que não tem a mínima segurança e ainda por cima, tem um serviço péssimo. Além, lógico, de acidentes e outras milhões de coisas que acontecem com a empresa que a faz a linha Divinópolis-Belo Horizonte ( não vou citar o nome para a empresa não se sentir atacada e querer tirar meu site do ar ). Ou seja, se há vans clandestinas, é porque o serviço de transporte está uma bomba … resumo, lógico, o cara paga mais barato, porque no fim vai ter a mesma qualidade de serviço …
Donos de vans que fazem transporte intermunicipal clandestino aproveitam a grande demanda por viagens para as festas de fim de ano e as férias de janeiro e criam alternativa para driblar a fiscalização nas ruas de Belo Horizonte. Para dificultar o flagrante dos fiscais, as peruas irregulares ficam paradas em estacionamentos do Centro, para que o embarque e o desembarque de passageiros sejam feitos de forma tranqüila. Segundo o chefe da fiscalização do Departamento de Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DER/MG), Lindberg Garcia, todos os anos pelo menos 2,5 milhões de pessoas migram para o transporte ilegal no estado.
Lindberg Garcia ressalta que os perueiros, cerca de 10 mil em Minas, são os grandes responsáveis pelo aumento do número de acidentes nas estradas. De 2000 a 2005, conforme o DER, 1,2 mil pessoas ficaram feridas em acidentes com clandestinos, contra 177 do sistema regular. Já o número de mortes no transporte irregular chega a 345, quase dez vezes mais que o número de vítimas nos veículos legais, de 35.
O grande fluxo de pessoas no terminal rodoviário de BH, nos últimos dias, se tornou um prato cheio para os agenciadores do transporte irregular. Até a virada do ano, de acordo com o gerente da rodoviária, Ricardo Coutinho, estima-se que 65 mil pessoas deixarão a cidade pelo terminal. Ele acrescenta que serão colocados 900 ônibus a mais para os passageiros, a maioria com destino aos litorais do Rio de Janeiro, Bahia e Espírito Santo, para as festas do réveillon. Na Praça Rio Branco, em frente à rodoviária – e ao lado da recém-inaugurada Região Integrada de Segurança Pública (Risp) –, cerca de 30 homens tentam convencer os passageiros a usarem as vans sem autorização, cobrando passagens com valores até 40% mais baixos.
Governador Valadares, Ipatinga, Montes Claros, Ponte Nova, Ouro Preto, Mariana, Itabirito, Sete Lagoas, entre tantos outros destinos, estão no grito dos agenciadores, que todos os dias assediam passageiros no caminho para a rodoviária. A cena já é corriqueira para os freqüentadores da Praça Rio Branco. A passagem para Valadares custa R$ 30, preço 40% mais baixo que o valor pago no guichê do terminal, de R$ 50,25 para ônibus comum. Já em comparação com o preço do ônibus leito, de R$ 92,30, o valor é três vezes menor.
Mas é dentro de alguns estacionamentos do Centro que o perigo se esconde. Num deles, na esquina da Avenida do Contorno com Rua Rio de Janeiro, o Estado de Minas flagrou o embarque, dentro do pátio, de passageiros que viajavam para Ipatinga, no Vale do Aço. Os responsáveis não quiseram falar com a reportagem. Alegaram apenas que foram contratados para transportar pessoas para uma festa de casamento. Os funcionários do estabelecimento disseram que muitas vans clandestinas são mensalistas.
Na Avenida Afonso Pena, quase esquina com Rua Caetés, outro flagrante de uma van, com placa do Serro, saindo lotada de um estacionamento. De acordo com os passageiros, o preço mais baixo é o principal motivo para contratar os serviços de um perueiro. A doméstica Tatiana de Paula Pereira, de 26 anos, que tem parentes em Sete Lagoas, a 70 quilômetros de BH, admitiu que já usou o transporte irregular do município para a capital. “Pelo preço, compensa, pois se de ônibus pago R$ 12, de van pago R$ 8”, conta.
Muitos passageiros do transporte intermunicipal, no entanto, não gostam da idéia de entrar num veículo sem autorização e mínimas condições de segurança. “O clandestino me deixa na porta, mas prefiro pagar mais e viajar tranqüila, mesmo tendo que gastar com outro transporte da rodoviária à minha casa”, diz a doméstica Silvana Romualda Magela, de 27, que sempre vai à terra natal, São José do Goiabal, a 184 quilômetros de BH, na região central do estado.
Segundo ela, a passagem de ônibus custa R$ 29, além dos R$ 10 que precisa gastar para chegar em casa. Viajando com o perueiro, gastaria R$ 26. Quando vem à capital, o funcionário público Marcos Antônio Alves, de 34, de Curvelo, a 163 quilômetros, é sempre assediado pelos agenciadores. Mas ele prefere não arriscar. “Andar de ônibus é mais tranqüilo e seguro. Já fiquei sabendo de amigos que se acidentaram nestas vans irregulares”, afirma.
Fonte: Estado de Minas