OITO LIÇÕES PARA SOBREVIVER AO SUPERMERCADO

É sempre assim, chega o fim de ano e surge o apavorante supermercado de natal. Não que fazer supermercado seja bom, mas o de natal, que envolve um acréscimo de cerca de 75% de itens na lista de compras, é simplesmente torturante. Claro, para quem não curte. E infelizmente quem não curte conhece alguém que curte e por ironia do destino precisa ir às compras com essa pessoa.

Mas tudo bem, a tecnologia evoluiu, estamos no século XXI e as técnicas para diminuir as seqüelas de um supermercado na psique de um impaciente estão sendo cada vez mais divulgadas. A primeira lição é exatamente essa. Utilize todas as facilidades que os tempos modernos proporcionam. Internet, telemarketing, entrega em domicílio, carrinhos com calculadora acoplada, vale tudo para que o sofrimento acabe o mais rápido possível.

Se o seu caso é parecido com o meu, e o seu parceiro ou parceira de supermercado ignora qualquer uma dessas facilidades e quer porque quer olhar, cheirar, apertar cada um dos 40 mil produtos que lotam as prateleiras dos hipermercados, então a coisa é um pouco mais séria. Nessa situação é necessário utilizar algumas táticas de guerrilha empregadas, em sua maioria, para sobrevivência na selva, situações limites ou torturas psicológicas. Algumas delas:

  • Chegue ao supermercado preparado. Lembre-se que aquele lugar esconde armadilhas insidiosas para que você gaste o máximo de tempo distraído e assim consuma sem perceber. Objetividade deve ser o seu lema.

  • Mantenha, no entanto, a sua calma. Você sabe que vencerá no final e tentar esganar a sua companhia toda vez que ela encontrar uma prateleira “interessante” não vai apressá-la. Pelo contrário.

  • Uma atividade útil também pode ajuda-lo a passar o tempo. Empurrar o carrinho enquanto o outro pratica o prazer milenar de escolher entre as 349 marcas de amaciante de roupas é um bom exemplo. Mas muito cuidado: não se deixe levar por sentimentos menores e evite atropelar calcanhares, criancinhas e chamar o outro piloto de carrinho de “barbeiro”. Manter a classe, mesmo em situações de risco, ainda é fundamental.

  • Após os primeiros 140 minutos você descobre que ainda falta 45% do supermercado para percorrer. É nesse momento que o cansaço físico e mental podem desestabilizar você. Não permita! Tome um cafezinho gratuitamente na banquinha de promoção de alguma marca “Extra-Forte” e tente relaxar.

  • Outra dica importantíssima em momentos de estresse máximo: não fique reparando na quantidade de produtos que estão lotando o carrinho ou no tamanho das filas nos caixas. Desconsidere pensamentos como “Meu Deus, quem vai embalar isso tudo?” e “Será que o limite do cartão de crédito vai dar?” Adiantar os problemas só vai fazer aumenta-los.

  • Também não precisa abrir mão do contra-ataque. Um supermercado não deve ultrapassar o limite de um período do dia, seja manhã, tarde ou noite. Em caso de risco máximo comece a demonstrar seu descontentamento através de algumas pequenas ameaças à sua companhia, como deserdar, processar por maus tratos e negligência, divórcio ou ainda tentativa de seqüestro.

  • Diante de um quadro de absoluta indiferença ao seu sofrimento, só resta apelar para pior das táticas: o terrorismo. Comece a abrir as embalagens de iogurte; coma as frutas do balcão; troque as etiquetas de preço. Nada abala mais quem gosta de supermercado que o desrespeito às regras do jogo. Assim, o desfecho da batalha estará mais próximo.

Essas são algumas dicas úteis para pessoas que, como eu, são obrigadas a acompanhar as compras alheias. Utilize-as com bom senso e fique atento: o humor ainda é uma boa arma contra qualquer chatice similar.

Ah, e é claro: boas compras!

Fonte: 700Km