Você já deve ter lido na edição de agosto/2005 (edição 229) da Rock Brigade ou ficado sabendo de alguma outra forma. Mas o fato é que, aproveitando a regravação do clássico Antes do Fim [agora chamado Antes do Fim Depois do Fim], lançado pelo Dorsal Atlântica em 1986, paramos a redação (Fernando Souza Filho, Ricardo Franzin e Antonio Carlos Monteiro) por uma tarde para fazer uma autêntica sabatina com uma das figuras mais polêmicas, emblemáticas e interessantes do heavy metal nacional: Carlos Lopes, guitarrista, compositor, vocalista, jornalista, produtor, vidente e mais uma série de coisas que nem dá pra ficar listando aqui. A conversa, de quase três horas, foi boa demais pra ficar apenas no espaço de que dispomos na revista. Então, aqui está ela na íntegra. Sem cortes, com o mínimo de edição e com todas as mudanças de assunto e com todas as interferências dos repórteres. Tentamos, enfim, reproduzir aquilo que foi um dos momentos mais especiais da trajetória da Rock Brigade. E, por conta disso, precisamos dividir essa que foi a mais longa entrevista da história da Rock Brigade em nada menos do que quatro partes (!!!). Senhoras e senhores, com vocês, Carlos Lopes – na íntegra e sem censura.
Num atual Brasil de bandas cada vez mais “trabalhadas” fico feliz de ver de novo uma das bandas que embalou minha adolescência. Uma das bandas que ajudou a escrever a história do que a maioria de nós entende como “metal nacional”.
É uma banda antiga, com discos “talvez” com conceitos antigos, mas sem dúvida, influenciou boa parte do que temos por aí. Inclusive, pelo ar “brasileiro” do “do it yourself”, já que ou você comprava um instrumento, ou você estudava música. Era uma coisa diferente na década de oitenta nacional.
Foi uma época diferente, em que muitas bandas fizeram gravações em casa. Você entrava na garagem da tua casa, gravava um grindcore doentio e mandava para os real bangers que trocavam carta para você. Era um troço meio iniciático, em que você precisava de trocar uma porrada de cartas com o cara, até ele achar que você era merecedor de ouvir aquele som toscaço que ele fazia. E, cara, ainda hoje de vez em quando eu sento para ouvir as bandas, e elas guardam o mesmo “sentimento” que guardavam na época. Sangue, sangue pelo metal. Diferente de hoje, em que se tem “metal” como profissão e a coisa é meio mecânica.
Aliás, teve banda que construiu sua carreira com troca de fitas, com mandar demo para lá e para cá. Exemplo ? Morbid Angel, que foi gravar seu disco anos e anos depois de uma carreira bem fundamentada no underground do metal.
Se perdeu hoje o lado comunidade do metal. O povo baixa MP3 da banda no site, sem nem ter um contato pessoal com o cara ( até porque hoje é difícil um cara ter contato com o número de gente que chega ao site dele ). Ou seja, como disse acima, ficou mecânico, menos humano. Por isto tem hora que eu fico meio “pendente” em posições ante a pirataria e MP3.
Esta pirataria, que falam, troca de músicas, sempre existiu no Heavy Metal. Caramba, quem não trocou a demo da banda com o cara, e ainda, de brinde, mandou uma gravação de um disco raro de uma banda famosa para o cara ? E as bandas perdiam com isto. Lógico que não, porque com a gravação você ficava louco para comprar o disco.
O disco era quase um troféu. Caramba, era legal d+ a sensação de sair de uma loja com o disco de uma banda que eu gostava ( aliás, ainda guardo em casa estes dinossáuricos vinis :-P ).
Resumindo, para quem viveu esta época, clica aqui neste link e leia a entrevista do Carlos.
Isto já tá ficando um post de velho. Caramba, como diria um amigo meu , você sabe que está ficando velho, quando você tem histórias a contar :-) ( e quando os discos que você viu serem lançados, já estão beirando para lá de 15 anos de lançamento ).