Fonte: O POVO Online/OPOVO/Opinião
Antero Coelho Neto - Professor e presidente da Academia Cearense de Medicina
acoelho@secrel.com.br
Um leitor desta coluna, no Dia do Trabalhador, mandou-me um e-mail dizendo: “O Lula disse que melhorou a qualidade de vida do trabalhador brasileiro e agora a presidente Dilma diz que vai melhorar mais ainda. Eu não senti nada de melhoria. Ela fez foi piorar. O sr. que escreve e fala sobre isso poderia me explicar?”
O termo “qualidade de vida” teve uma maior valorização a partir dos últimos anos e com interesse progressivo em todo o mundo. Tive a felicidade de estar na Organização Mundial de Saúde (OMS) quando os países em desenvolvimento começaram a apresentar seus resultados crescentes nos diferentes fatores e elementos condicionantes.
Ocorre que, mesmo entre os cientistas e estudiosos neste assunto, há uma grande variação de definições e valorizações dos conceitos. Mas o fundamental é saber selecionar o complexo termo em relação aos seus diferentes condicionantes sociais, econômicos, políticos, regionais, de saúde, educacionais e humanos. Daí a confusão estabelecida por defensores de cada uma dessas áreas.
Daí o termo ter valores para os políticos brasileiros completamente diferentes da maioria dos países.
No Brasil, os níveis reconhecidos como válidos para a divisão das classes sociais e reconhecidos para a nossa “boa” qualidade vida são ridículos quando comparados com os dos países desenvolvidos.
É uma grande “enganação” com os valores aritméticos considerados. Então, temos de destacar que o importante são os valores pessoais e como eles são interpretados pela nossa consciência que determina o que somos, queremos, temos, podemos, gostamos, amamos, etc.
São eles, nossos valores, que provocam o que denominamos de “sensações profundas” que são fundamentais para a “nossa vida”. Através dos neurotransmissores e hormônios elaborados no nosso corpo é que sentimos a sensação de bem-estar, satisfação de viver e felicidade.
É como dizia o filósofo inglês John Locke, há muitos anos, citado pelo famoso brasileiro Denis Lerrer, “nenhuma pessoa pode ser forçada a ser rica ou saudável contra a sua vontade”. E que ele acrescenta: “os homens devem ser entregues à própria consciência”.
Vamos então lutar pelos fatores que nos dão satisfação de viver, condição fundamental de nossa vida, e felicidade naqueles momentos maiores de alegria e prazer de nossa existência. E vamos votar naqueles que identificamos como possíveis de oferecer os “nossos fatores” e não os fantasiosos.
Diria como na TV, aquele carioca pobre, desdentado e sorridente, ao ser entrevistado numa pesquisa: “minha qualidade de vida? É ótima! Sou torcedor do Flamengo!!!”.
Eu também!