Guerrilha! - uma história feita de muito metal

Quando este livro foi lançado, se não me engano eu era estudante e como todo bom estudante, grana era algo meio complicado. Como estudava fora de casa e por sua vez, o dinheiro vinha praticamente contado, sobrar para comprar uma ou outra coisa era realmente complicado.
Aí, fiquei anos e anos esperando a chance de ler este livro. Aliás, Guerrilha! já era algo bem esquecido por mim, quando, de repente, após ver o documentário "Ruídos de Minas" me veio a idéia de tentar achar o mesmo para comprar.

 

 

Como o próprio Carlos "Vândalo" Lopes é uma figura meio desaparecida do meio, comecei a procurar o livro. A editora que o lançou, ao que parece, nem existe mais ( Beat Press ). Depois procurei o site do próprio Dorsal e dei de cara com um site totalmente esquecido, e, que, infelizmente, não deveria nem ter mais cópias do livro disponível.
Resumo, sobrou uma busca geral no Google, que me levou a um anúncio no Mercado Livre, de uma pessoa que estava vendendo esta pérola.
Não me fiz de rogado e comprei, sem nem pestanejar. Queria mesmo ler o livro e sem dúvida, precisava de retornar, nem que fosse via palavras ao mesmo tempo que o documentário Ruídos de Minas conseguiu me levar.

E querem saber ? Valeu a espera. O livro é uma aula de integridade que pouca gente neste país teve até hoje. Se eu admirava o Dorsal[bb] como banda, a alguns anos atrás, hoje, admiro também o trabalho que o Carlos Lopes fez durante toda a sua vida. 

O livro tem um mérito raro. Ele não fica preocupado em mostrar formações, datas e outras bobeiras que as biografias normais mostram. Ele mostra sim, um Carlos Lopes lutando por um sono dentro de uma cena totalmente caótica. 

Sim, caótica pois se encontrava no meio dos chatos do Heavy Metal Progressivo e os novos radicais. Caras que curtiam algo e sempre achavam estranho quando uma banda tentava mudar. 

O livro vai até a gravação de Straight, um dos discos mais interessantes do Dorsal ( para mim, sem dúvida, o melhor da carreira deles ). 

É interessante que ao longo do livro você consegue ver uma mutação de personalidade, tão natural a todos nós que vivemos a década de 80. De radicais sem causa, nos tornamos pessoas mais maduras e de repente, sabíamos do nosso real papel dentro de uma sociedade caótica.
Um Carlos que gostava de Beatles, comprou instrumentos e começou a fazer barulho, achou no rock sua essência e fez história bradando suas idéias.

Uma época em que o Dorsal foi arauto em sua cidade de um metal politizado, que tentava levar o "movimento" para frente, já que ali, ele ainda era música de gueto. Nada de modas, somente paixão. Nada de técnica, somente música, feita por quem gosta, para quem gosta. 

Resumo, o livro é uma "ode" a quem ama o metal. A quem gosta de metal. Li e quero reler várias vezes. 

Lendo e relembrando aquela época, descubro o porque as bandas de hoje não me agradam tanto ... falta paixão ... nunca vai haver outro Carlos Vândalo por aqui.

Até porque hoje, salvo poucas bandas, o metal se tornou mais um estilo dentre outros muitos. Uma coisa sem vontade e feitas por artistas que simplesmente executam o metal. Sangue, para quê ? No fim, eles já receberam o cachê ...