E o preconceito continua firme no Brasil

Esta semana está sendo muito discutido o preconceito no país. Em geral, aqui no Brasil o único grupo que se sente menosprezado e consegue algum "furor" na discussão por parte da mídia em termos de preconceito, é o dos negros. Talvez, por serem um grupo que hoje conseguiu chegar a um patamar de respeito por parte das autoridades pelo peso político que tem.

Tattoed Doctor

 

Este post teve origem ontem, quando li sobre um Sr. , funcionário da USP, que foi violentado por seguranças e policiais no estacionamento de um grande supermercado brasileiro ( Carrefour, diga-se de passagem ). De acordo com a lógica bizarra dos seguranças, um negro não poderia ter um Ford EcoSport, e desceram a lenha no Infeliz.
Aliás, espancamento altamente apoiado pelas nossas autoridades policiais, que chegaram ao local e acharam a atitude altamente interessante, pois continuaram a desferir diversos palavrões ao Sr., que sem entendem nada, somente pensava em não deixar acontecer alguma coisa com o filho, que estava no carro. 

O mesmo Supermercado ( ando com medo de entrar no Carrefour ), resolveu aplicar a lei em cima de outro Sr. Ele havia roubado coxinhas, pães de queijo e produto para o cabelo, e foi abordado por seguranças. Levado para um quartinho, simplesmente foi violentado até morrer por omissão de socorro. O Carrefour, novamente, resolveu simplesmente falar a imprensa que a culpa é da terceirizada. 

O método do quartinho já é usado pelos supermercado a anos. Quem já não foi levado para o fundo dos supermercado para levar um corretivo ? Na minha cidade natal, isto era quase que um padrão, porque os donos e seguranças dos estabelecimentos tinham o hábito de achar que este método era o melhor. E, posso ser sincero ? Eram tão crueis quanto os atos que são mostrados agora pela imprensa.

Todos os acontecimentos ao que me lembro eram induzidos pela opinião tosca dos funcionários destes supemercados ao olhar para alguém. Na lógica deles, o terno e gravata são a prova de que alguém é respeitável, e uma camisa de banda de heavy metal, por exemplo, é sinal de que aquele cara é vagabundo. 

Sim, eu já vi isto várias vezes comigo, e ainda continua. Sou do tipo de cara que não se preocupa muito com a aparência, porque para mim o que conta é o que está no cérebro. E diversas vezes, ao ir em Supermercados ( engraçado, isto já aconteceu no Carrefour ), ficam os seguranças me olhando com o rabo do olho. Resumo, na cabeça deles sou algum vagabundo, que entrou ali para roubar. 

O despreparo de seguranças me dá medo. Quantos destes caras que atacaram este Sr. no Carrefour não estão espalhados pelo país ? Quantos destes caras não podem de repente achar que você é vagabundo e lhe espancar até a morte ?

Minha opinião é que policiais e seguranças tem que ter um preparo psicológico melhor. Eles tratam com gente, não com pedaços de lixo prontos a serem espancados.
Pergunte, veja os documentos, antes de atacar. Sei que policial sempre acha que a gente é vagabundo ( sim, já ouvi isto de um policial, que gente como eu deveria ser espancado, para aprender a ser menos vagabundo ), mas pelo menos faça jus ao salário que nós pagamos para vocês.

É uma crítica chata para muitos policiais e seguranças deste país ouvirem. Sei que tem gente muito legal ralando neste meio e que discorda do que aconteceu, mas isto está ficando muito comum, o que prova que algo tem que ser mudado.  Não sei como mudar, mas pode acontecer um dia disto mudar.

Talvez por isto campanhas como a que estão acontecendo nos EUA visando diminuir o preconceito contra as tatuagens poderia ser usado em todas as "áreas" aqui no Brasil.  Um jeito de fazer o cidadão comum ver que alguns tipos de pessoas que eles acham o lixo do mundo, podem não ser tão ruins assim. Ou seja, mostrar que sim, negro pode ter carro bom, e metaleiro, pode ser pai de família e estar ali para comprar uma coisa que é fruto do seu trabalho suado durante o mês. 

O meu maior medo, é, sinceramente, quando se vê que o estado está se ligando a pessoas que celebram o preconceito. Ontem, ao ver que a Dilma e o Lula estão se ligando a máfia evangélica da Renascer e da Igreja Universal, para tentar angariar mais pessoas para apoiá-los em 2010, comecei a perder um pouco da fé no estado Brasileiro.
O preconceito é, sem dúvida, a premissa principal do estado, quando ele dá tanto apoio a uma só linha de pensamento em detrimento as outras.

Resta sonhar um dia com um estado que realmente se coloque no papel de defensor das idéias de todos, ou seja, neutro. E que, ainda, não se junte com gente, que, sabidamente, é desonesta e vai querer ferrar com todos que pensem diferente deles.