A alguns dias atrás, comecei a ler um novo blog, não me lembro ao certo como cheguei nele. Se não me engano, foi por causa de algum tema que eu estava pesquisando ou, na realidade, vi através de algum dos feeds que eu acompanho.
Após me inscrever no feed do site, um tema me chamou a atenção, principalmente por ser eu um dos "futuristas" da linha de pensamento Transhumanismo. O tema em questão era que nós + nossos celulares somos atualmente iguais a cyborgs.

Primeiro, para quem não conhece, o Transhumanismo é uma linha de pensamento que acredita sermos nós, seres humanos capazes, através de avanços tecnológicos suprir as falhas que a natureza nos presenteou. Ou seja, se nosso sistema como um todo, a longo dos anos sofre um atrito natural e por sua vez, um desgaste, podemos nós, humanos, com nosso conhecimento, fazer com que cada vez mais este "atrito natural" seja menos nocivo a nós.
Muitos erram, como eu já disse aqui, em pensar que o Transhumanismo quer nos transformar em máquinas. Ao contrário, a qualidade de vida está mais ligada ao modo como você vive, do que pegar o seu corpo e enchê-lo de parafernálias eletrônicas.
Mas, mesmo assim, ainda acredito que, em alguns momentos, as parafernálias eletrônicas possam ser a primeira e mais fácil possibilidade para algumas de nossas "falhas" de projeto. Ou melhor, conseguimos na realidade evoluir a uma taxa maior do que a natureza poderia nos suprir ao longo dos anos.
O homem desde o início da história, ou melhor de sua evolução tentou suprir-se, através de sua mente mais evoluída que a maioria dos outros animais, de "ferramentas"
que o tornassem melhor ou mais apto a viver no mundo que o cercava.
Lanças, armas de fogo, ferramentas para "tornar mais fácil" o seu trabalho, foram sempre criadas por este "projeto" inacabado da natureza, para tentar tornar mais rápido tudo que ele efetuasse.
A realidade é: o homem tornou tão diferente sua interação com o mundo, que de repente, ele mudou seu modo de se relacionar com os fenômenos naturais. Ele criou uma natureza própria, dentro de uma sociedade construída ao longo de alguns milhões de anos aqui.
Com isto, a tendência foi que o homem começasse a achar a sua "evolução" mais lenta que o necessário. Enquanto levávamos anos em cima de tentativa e erro no Egito Antigo para acertar uma construção de um prédio, hoje temos computadores
e programas de engenharia que nos permitem, com muito mais certeza fazer com que um prédio seja construído com o mínimo de possibilidades de erro.
Enquanto levávamos anos para projetar, construir um prédio, hoje, em anos podemos construir vários deles.
Mas acredito, o grande advento da nossa necessidade tão rápida de evolução chegou com a Microeletrônica. Ela, que pegou nossos "computadores" e os levou a velocidade da luz. Com isto, começamos a ter capacidades que nunca nossos antepassados imaginariam.
Alguém já parou para pensar nas maravilhosas máquinas que hoje carregamos em nosso bolso ? Caramba, hoje o meu celular, tem muito mais capacidade que o meu primeiro computador. E, com ele eu consigo fazer muito mais coisa que eu fazia com meu primeiro computador.
Ou seja, a microeletrônica conseguiu me dar uma extensão para o meu cérebro que nunca se pensaria antes dela.
Mas tudo ainda foi mais além. Esta pequena nova peça me torna mais "integrado" a um novo mundo chamado "internet". Antes eu teria que andar com uma agenda, e só poderia acessar minhas coisas, quando estivesse com a mesma. Agora não. Meu cérebro, está integrado a web, com um Remember the Milk ou até, um Google Calendar.
Se antes tudo isto tinha que estar guardado em meu cérebro, possivelmente, gerando algum erro. Hoje, está espalhado em diversos locais, acessíveis de qualquer ponto com um dispositivo de conexão.
É como se hoje, fossemos parte de nossa própria criação. Se o presidente da Sun disse uma vez que o sistema operacional é a rede, eu vou um pouco mais longe dizendo que nos estamos começando a fazer parte da grande rede.
Ou seja, hoje, nós somos parte da grande rede que estamos criando todos os dias.
Um ponto interessante do Transhumanismo, pelo menos defendido por muitos, é o upload.. O upload é quando você teria uma cópia do seu EU, em um mundo virtual.
Um exemplo disto, é, no filme Matrix, quando Neo e outros eram "transferidos" para um mundo virtual, a Matriz.
Mas onde surgiu a idéia do upload ? Acredito que o primeiro upload que se tem notícia é a idéia transposta para um papel. Um livro, um artigo, seja lá o que for. Este pequeno "pedaço" do seu eu, era transposto para o conhecimento e discussão de diversas pessoas. Assim, seu eu, que antes interagiria somente com pessoas do seu meio, começava a ser "conectado" a outros eus, quando tinham a chance de ler aquele pequeno pedaço de seu "cérebro".
Mas hoje o upload é mais rápido. Você esta lendo este artigo ? A algumas horas atrás ele estava aqui, dentro de meu cérebro. Eu o transpus para uma forma binária, que está agora chegando a você através de um sinal elétrico que lhe foi "enviado" por um servidor hospedado nos EUA ? Já imaginou o quanto isto é louco ?
Já somos no fim, parte de um grande todo, acessível de qualquer lugar, e ainda, interagimos, mesmo que não sabendo, com outros EUs a cada minuto de nossa vida. Os blogs são a primeira forma de upload rápido que apareceram na nossa história.
Com isto tudo, o que eu vejo é que somos um pouco cyborgs sim, hoje. Aliás, diria até mais, que hoje já estamos em uma sociedade em que nossa mentes estão interconectadas diariamente, mesmo que não saibamos.
Jung defendeu o insconciente coletivo, Quando parte de nos, seria parte de um grande todo. No fim, ele imaginou uma grande rede "humana" que interagiria em confins que nõs nem mesmo entendemos plenamente.
A nova forma de inconsciente coletivo é assustadoramente estranha. É bizarra, acessível, e mutável. A cada dia damos uma forma nova a ela, e a cada dia, somos mais dependentes da mesma.
Cyborgs indiretos de uma guerra interna contra nossas limitações.
Mas, no fundo, no fundo, eu sei, que vocẽ está se perguntando: será que realmente o que este cara falou não tem um fundo de verdade ?
Então responda : e você, acha que está hoje, já se tornando um pequeno Cyborg ?