Estava lendo hoje a tarde o post Estranho do blog do Caloni, que de vez em quando sempre caio quando estou procurando alguma coisa legal no Infoblogs. Mas o ponto principal do post está que eu também estou sofrendo um pouco o mesmo que ele está sofrendo, uma nova mudança em minha vida.
Novamente, como já fiz muitas vezes nos últimos tempos, estou me desligando do emprego, mas de um modo estranho, que eu mesmo não sei se é certo ou errado. Ou seja, pela primeira vez na vida, isto, desligar-me, está causando um furor interior que eu nem mesmo sei dizer o porque.
Rupturas causam medo. Talvez seja um misto disto, somado a alguma coisa que teima em martelar dentro de mim alguma coisa.
Não sei dizer ao certo o que causou estes estranhos sentimentos dentro de mim. Mas sei que tudo começou enquanto tentava um ping em uma interface de um servidor que não subia. A realidade é que os últimos oito meses de minha vida passaram em frente a meu olhos de um modo tão estranho, que me fizeram repensar muita coisa que aconteceu.
Soou uma melancolia estranha, porque no fundo acabamos deixando parte de nós em cada lugar por onde passamos. Isto porque, nosso local de trabalho é onde passamos a maior parte do nosso dia. Se não nos sentimos felizes ali, como iremos aguentar acordar todos os dias com a responsabilidade de suportar tudo aquilo ali ? Difícil não ?
É neste momento que entra uma das citações de Nietzche que mais gosto : "Aquele que combate monstros deve se acautelar para que monstro não se torne no processo. Quando se olha longamente o abismo, o abismo olha para vc."
Ou seja, no fundo, eu descobri hoje que o problema não é sair ou ficar em algum lugar. O problema está saindo junto comigo e vai continuar me perseguindo, porque no fundo, eu estou passando por uma fase em que eu tenho que redescobrir o prazer de trabalhar.
Ou seja, deixei tanto as coisas tornarem-se responsabilidade, que eu esqueci de gostar do que estava fazendo. Era dinheiro, era responsabilidade, mas cadê o prazer ?
Descobri hoje, que, eu não preciso de ser o melhor em Unix/Linux ou muito menos, ganhar muito dinheiro. Preciso sim, de ter prazer de acordar todos os dias e executar meu trabalho.
Descobri sem dúvida que o prazer está em descobrir, não em executar. Que o prazer é sempre se sentir em um mundo novo, a cada dia que passa.
É saber que cheguei em um ponto da vida em que preciso de tempo. Tempo para acordar pela manhã, cuidar dos meus pássaros, beijar minha filha e esposa e ir tranquilamente para o trabalho.
Tempo de olhar para mim mesmo, de vez em quando, e notar o quanto estou envelhecendo. Tempo de sentir prazer com minha profissão.
E este prazer que eu perdi nos últimos anos que eu quero recuperar. E, talvez, seja ele que esteja me "corroendo" por dentro e não fazendo me prender tanto a nenhum lugar, porque no fundo, eu estou longe de estar preso a mim mesmo.
Procurando resolver-me dentro de minha própria essência, o prazer de criar e recriar irá voltar. E, sem dúvida, estar longe da loucura do dia a dia de uma empresa de suporte seja o melhor caminho para que eu chegue as minhas conclusões sobre o que é bom, e o que é ruim para mim.
E com este tempo e renovado, eu sei que vou voltar a ser o que eu sempre fui.
Se existe um Antes de algo /Depois de algo, eu entendo que este é o meu momento de separação. Um antes e um depois deste ano. 2008 realmente reserva surpresas. Para mim, ele já começou muito, mas muito revelador.
Se no meio do processo todo, no mostro eu me tornei, é no meio de outro processo, que o abismo não mais será parte de mim. Mas parte de um processo de renovação constante do maior prazer da vida, que é acordar todos os dias e enfrentar um novo dia :=)
Que eu consiga voltar a postar coisas legais por aqui ...