Competição

Chega ao país o homem que comanda reação da fabricante ao software aberto

Microsoft reforça guerra ao Linux
João Luiz Rosa De São Paulo

O americano Martin Taylor tem uma das missões mais espinhosas do mundo para um executivo da Microsoft. Ele dirige uma divisão chamada internamente de CSI, o mesmo nome da popular série policial da TV. Ele não tem, obviamente, de lidar com cadáveres e pistas obscuras como no seriado, mas seu trabalho tem muito de investigação e rigor nos detalhes. Taylor encabeça a ofensiva da Microsoft contra o Linux, o software de código aberto que afronta cada vez mais o sistema Windows, carro-chefe da companhia.
Uma semana por mês, Taylor passa fora dos Estados Unidos em conversas com clientes, numa tentativa de detectar deficiências do Windows e de outros produtos da Microsoft. Depois, volta para o quartel-general em Redmond, no Estado de Washington, onde dirige um laboratório com cerca de cem programadores recrutados das fileiras da comunidade Linux. “Examinamos as coisas em que os programas de código aberto se saem melhor e aperfeiçoamos os nossos produtos”, explica.
Muito além da tecnologia, porém, Taylor combate em outras duas frentes vistas como pontos fortes do Linux: propriedade intelectual e custo. Em ambos os aspectos, ele ameaça bater forte.
Para começar, a Microsoft decidiu abrir o código-fonte do Windows e de outros produtos para clientes empresariais, universidades e governos. O cliente não pode modificar o coração do sistema como ocorre com o Linux, mas ao entender como ele funciona pode criar ou modificar outros programas, para que eles “rodem” melhor sobre o Windows.
A medida pode significar uma diferença significativa para a Microsoft na área pública. Em projetos de governo eletrônico, o Linux teria uma vantagem natural ao permitir às autoridades inspecionar o código-fonte e emitir certificações de segurança ou fazer auditorias. Esse argumento, agora, fica enfraquecido.
São poucos, em geral, os pedidos de abertura do código, diz Taylor. No Brasil, isso ocorreu no contrato das urnas eletrônicas e no caso de universidades, como a Unesp e a PUC-Rio, informa Roberto Prado, que responde pela estratégia de plataforma no Brasil.
O setor público tornou-se uma área sensível para a Microsoft porque governos em vários países têm dado mostras de interesse crescente no software aberto. O governo brasileiro é um de seus principais defensores. Uma comissão governamental foi a Genebra, no mês passado, apresentar um projeto de software aberto na reunião preparatória para a Cúpula Mundial da Sociedade da Informação, prevista para novembro, na Tunísia.
A Microsoft está atenta. Em menos de um mês, Taylor é o segundo executivo de alto escalão a chegar ao país. Em fevereiro, foi a vez de Brad Smith, que anunciou a meta de treinar 6,5 milhões de pessoas no Brasil até 2009, por meio de programas de inclusão digital.
Conciliador, Taylor diz que sua presença não tem motivo especial. “Mesmo que o governo brasileiro não tivesse dito ou feito nada, a visita seria a mesma”, afirma. “Existe a percepção de que o Brasil talvez seja contra a Microsoft ou vice-versa, mas nada poderia estar tão longe da realidade. Vamos continuar a investir no país.”
Resta, porém, a questão do preço. Como vencer um software que não tem custo de licença, como o Linux? Com 12 anos de atuação na Microsoft - onde trabalhou com pequenos revendedores em Washington e grandes contas em Nova York, além de presidir a divisão para o Caribe, em Porto Rico -, Taylor usa sua experiência na tentativa de provar que o custo vai muito além do preço da licença.
“Em geral, o custo de aquisição não ultrapassa um dígito em relação ao total. O resto dos gastos é para implantar e manter o sistema, treinar equipe, adaptar o software etc”, diz. O argumento tem ajudado a conquistar clientes.
No Brasil, o governo de Pernambuco já trocou servidores Linux por Windows na área de segurança pública e, em Brasília, a Câmara dos Deputados adotou o programa para emitir certificados digitais. A COC, uma rede de faculdades de Ribeirão Preto (SP), pensou em usar exclusivamente Linux no lugar de um sistema misto que também incluía Windows. Desistiu e adotou apenas o software da Microsoft em 550 computadores de um dos seus campi. “Reduzimos o custo de gerenciamento em 30%”, conta Gustavo Hubaide, diretor de tecnologia da COC.
Curiosamente, Taylor diz que a Microsoft não é contra o software aberto. Se os produtos da empresa não forem os mais adequados, então é melhor que o cliente não os compre, ele diz. Pode ser. Sua tarefa, porém, é fazer o máximo para provar o contrário.

Alguém por um acaso lembra do filme Antitrust ? hehehehe http://www.mediacircus.net/antitrust.html
http://us.imdb.com/title/tt0218817/combined