Uma ode ao Old School Thrash Metal em Belo Horizonte

O pessoal já devia estar até cansado com o tanto que eu estava falando sobre o show do Kreator[bb] em Belo Horizonte[bb]. Mas o show não era somente dos mestres do metal ( nem preciso dizer que sou fissurado no Kreator né ), mas também tinha o Exodus[bb], outro representante da velha guarda do Thrash Metal.

Kreator, Slayer, Exodus e outras bandas mostram para os Mainstream, como a porcaria do Metallica, como se faz Thrash Metal[bb]. Não é somente distorcer as guitarras e usar os famosos clichẽs do estilo, é sim, saber levantar a galera. E, ontem, duas bandas mostraram como fazer tudo que se sempre fez, e ainda soar com personalidade e integridade. 

Como já é esperado em shows deste tipo, é uma reunião de amigos. Apesar de ter vindo somente um grande amigo da velha guarda, o Thompson, foi legal conhecer a galera de Divinópolis, e, saber que mesmo que o metal ainda esteja em baixa, sempre vai haver fãs do estilo aparecendo. 

 

[flickr-photo:id=4058425220,size=m]

 

De cara, foi o famoso encontro lá na porta do Chevrolett Hall. Ao contrário do Show do Slayer, a portaria tinha bem poucas pessoas. Ficamos fazendo uma hora lá, e, como era perto do Pátio Savassi, fomos para o local.
Foi engraçado. O pessoal da segurança do Pátio Savassi ficou olhando para a gente como ETs, ou seja, com um bando de vândalos e vagabundos de preto andando pelo local. Logicamente, puro preconceito, mas divertido para quem está por baixo daquela roupa toda.

Sentamos lá para tentar tomar um chopp, mas como não fomos atendidos ( o que era de se esperar ), desistimos e fomos tomar uma cerveja na portaria do local.
Tomamos umas duas e enquanto esperávamos, eis que aparece o cara que fez o documentário Ruídos de Minas ( Filipe Sartoreto ) .

 

[flickr-photo:id=4057682639,size=m]

 

Super simpático, gente boa, batemos um papo sobre o documentário. Ele inclusive comentou que ficou super divertido este lance de virar celebridade depois que o documentário foi divulgado mais abertamente pela rede e afins.
Um cara super legal, que merece mesmo e merece o apoio da galera, principalmente por ter feito um documentário que é um retrato da época. 

Pronto, ficamos lá batendo papo, quando de repente tive uma luz. Acho que senti cheiro de metal, e entramos lá no Chevrolett Hall.
Quando eu estou chegando lá, eis que o Exodus[bb] já estava começando o seu massacre. 

 

[flickr-photo:id=4058419214,size=m]

 

Caramba, peso e experiência juntos em um palco só. Não vou falar sobre setlist, até porque não sou forte em nomes de músicas do Exodus, mas vou dizer, os caras desfilaram boa parte dos seus clássicos no palco aqui em BH.

O destaque neste show para mim foi o vocal. Caramba, apesar de estar bem acima do peso, o cara mostrou que um "cheinho" pode dar banho nos magrelos. Rob Dukes fez miséria e mostrou para que veio a Belo Horizonte.
Seu vocal é bem forte, e guia o Exodus para um massacre musical. 

As guitarras de Gary Holt e Lee Altus estavam com uma liga legal, desfilando os rifss clássicos dos trocentos anos de carreira dos caras. Ou seja, fizeram o que ícones do estilo fazem. Tocar do jeito certo e com uma energia legal. 

A cozinha, por sua vez, formada por Jack Gibson (baixo) e Tom Hunting (bateria), manteve o ritmo numa boa, sem muitas variações. 

Mas, apesar dos elogios, querem toda a sinceridade do mundo. 

 

[flickr-photo:id=4058421258,size=m]

 

Parece que falta liga no Exodus. Sei lá, soou com um grande time de craques que ainda não achou o ponto em que o som soe redondo. Ou seja, nada a reclamar do show, mas você sentia que faltava algo ali para tornar o show perfeito. 

Espero que o Exodus se ache nestes turnês e consiga nos mostrar para que voltaram. Se é para mostrar um Thrash Old School mesmo, ou se modernizar um pouco, com os irmãos de estilo Kreator e Slayer consguiram ao longo dos anos mesmo com a gente torcendo o nariz e depois reconhecendo o valor das mudanças na carreira dos caras.

O Exodus saiu do palco, eu com a alma lavada por ter visto um show dos caras e louco para ver os próxims a subir no palco. 

Começaram a montagem dos instrumentos, foi hora de descansar um pouco, comprar camisas da turnẽ, banheiro e comprar mais um balde de cervejinha para divertir um pouquito. 

 

[flickr-photo:id=4058416644,size=m]

 

Começou a abertura esperada de Horde of Chaos. Alguns acordes e de repente, a luz se acende e eles estavam lá.

Mile Pretoza em frente a trupe, com sua guitarra e vocais inconfundíveis, Sami Yli-Sirniö (guitarra, que aliás toca muito ) e Speesy Giesler (baixo) seguindo com maestria tudo.

Lá atrás, não estava Ventor, infelizmente. Por alguns problemas pessoais, ele se ausentou de alguns shows, inclusive a turnê Sul Americana. Mas para substituí-lo nestes shows foi chamado um destes bateristas "técnicos", que é o Marco Minnermann, da banda Necrophagist, que aliás me deixou boquiaberto com a técnica que demonstrou. 

O solo do cara foi sem noção. Putz, fiquei comentando com o pessoal que ele parecia literalmente um Neil Peart do Thrash Metal, tal a técnica que ele desfilou nos minutos em que ficou sozinho no palco. 

Mas, voltando ao Kreator[bb] como um todo, eles detonaram. A música Hordes of Chaos[bb] ao vivo, foi destrutiva e já nos mostrou para o que eles vieram.
O time estava entrosado, pronto e sem dúvida, totalmente Kreator.

Quando estava descansando um pouco de Hordes of Chaos, simplemente eles tocam Phobia. Caramba, eu sou vidrado nesta música, talvez porque fizesse parte do repertório da minha finada banda Everdark. Putz, fui forçado a cantar e acabei meio que bangeando também, mesmo que estivesse ali perdido na arquibancada.

Depois, o Kreator desfilou mais e mais clássicos. Coma of Souls, Violent Revolution, maravilhosa por sinal ( apesar de que no meio, os músicos meio que se perderam nela ), e outras mais que nem sei como citar.

Ou seja, só sei que foi um show certeiro, e muito, muito legal. Kreator mostrou para todos porque está aí a tantos anos tocando um estilo tão radical.

 

[flickr-photo:id=4057673061,size=m]

 

Fiquei feliz que todas as músicas que eu esperava que tocassem ao vivo, foram tocadas. 

Um dos pontos legais do show também foi que o Mile toda hora falava da felicidade de estar novamente em Belo Horizonte, etc etc etc. Ou seja, mesmo que fosse enrolação, o "show" demonstrou que apesar do pequeno público, o Kreator sim, adorou estar entre nós.

Por fim, fecharam o show com Flag Of Hate, com direito a bandeira e discurso antes da música. Maravilhoso não ? 

Para quem perdeu este show, não se desespere. O Kreator deve voltar. Mas se prepare, ao que eu estou sabendo, em Novembro, temos aqui em BH o bom e velho Obituary. Mais uma daquelas bandas que lembra adolescência e, que, continua, apesar dos anos fazendo um bom Death Metal de responsa. 

 

[flickr-photo:id=4058406346,size=m]

 

Sai do show de alma lavada e certo que havia participado de um dos melhores momentos musicais aqui em Belo Horizonte. Posso dizer, talvez, que tenha sido um dos melhores momentos destas minhas férias.

Vou guardar com saudade nos ouvidos e coração esta celabração do bom e velho Thrash Metal. Será que, tal qual converso direto com o TaQ, não é hora de nós, os velhões voltarem aos palcos para mostrar para este povo novo, que o que importa é sangue, e não esta técnica chata que tomou conta do Heavy Metal ?

Abaixo o set de fotos do show que eu criei no meu Flickr :  

[flickr-photoset:id=72157622685957266,size=m]